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Crianças e sujeira: brincadeira livre e limpa, sem excessos

por Lud Hayashi

Criar crianças em ambientes “excessivamente” limpos pode evitar que elas desenvolvam o seu sistema imunológico, por não serem expostas cedo a germes e bactérias. Boa parte dos pais ou mães, especialmente quando têm o primeiro filho, já ouviu essa teoria. Formulada desse jeito ou em pequenas observações sobre o excesso de cuidado ao limpar um brinquedo ou esterilizar várias vezes uma chupeta.
A Sociedade Real de Saúde Pública (SRSP), no Reino Unido, realizou uma pesquisa que constatou que 23% das pessoas acham que as crianças precisam ser expostas a germes para construir o sistema imunológico e que a higiene em casa não é importante. Além disso, 22% dos entrevistados nunca lavam ou secam panos de prato entre o uso e cerca de 32% acham que isso não oferece nenhum tipo de risco à saúde.

O especialista explica quais os cuidados que pais e responsáveis devem ter para garantir a saúde das crianças e permitir que elas desenvolvam um sistema imunológico forte o suficiente para lidar com os germes e bactérias a que somos expostos, naturalmente, durante toda nossa vida.
A Dra. Renata Rodrigues Aniceto, integrante do Departamento Científico de Pediatria Ambulatorial da Sociedade Brasileira de Pediatria, explica que o desenvolvimento do sistema imunológico das crianças se conclui até os quatro anos de idade. E concorda que brincar livremente, com exposição a germes existentes no ambiente e nas superfícies, é um dos fatores para o bom desenvolvimento do sistema imunológico.
Para a pediatria, no entanto, não significa falta de preocupação com limpeza. E nem é a única condição para garantir um sistema imunológico eficiente. Para ela, há também outros fatores  importantes para o desenvolvimento do sistema imunológico: boa alimentação, rica em alimentos frescos, crus e probióticos; qualidade na rotina de sono; e vacinação nos momentos corretos.

Em relação à limpeza, a médica afirma que a exposição deliberada a germes e bactérias pode causar infecções e sequelas para a vida inteira. Renata Aniceto orienta para a necessidade de cuidados de higiene mais intensivos na criança até seis meses de vida, pois é nesse período que ela é mais suscetível a processos infecciosos. Banhos diários, esterilização de bicos e fervura da água para preparo da mamadeira são alguns exemplos.
Após o sexto mês, o maior cuidado deve ser concentrado em higiene pessoal e preparação de alimentos. Ou seja, lavagem com água corrente de mãos, frutas, verduras e legumes e utensílios usados na preparação da comida.
Sobre os cuidados com o ambiente em que as crianças brincam, a profissional dá orientações bem práticas: “É importante deixar a criança brincar sobre tapetes de EVA e levar as mãos e objetos seguros à boca sem se preocupar em ‘esterilizar’ tudo ao redor. O contato com a natureza é primordial”.
A doutora Renata afirma que o cuidado excessivo com a higiene, buscando não apenas limpar, mas esterilizar tudo à volta da criança, atrapalha a boa formação da imunidade.  E pode levar a criança a ser mais suscetível a infecções.
Isso porque o sistema imunológico não recebe habitualmente estímulos para o desenvolvimento de anticorpos. É como se o excesso de higiene impedisse o organismo de reconhecer agressores e eliminá-los, antes que se instalem e promovam a infecção.

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